Neves Junior nasceu no Hospital e Maternidade São Paulo, localizado na Rua Frei Caneca, esquina com a Avenida Paulista no município de São Paulo, estado de São Paulo, no dia 04 de junho do ano de 1947.
Seus avós maternos e paternos eram todos de origem portuguesa. Os paternos viviam no Brasil, já os maternos ele nunca os conheceu pessoalmente, viviam em Portugal na Europa. Seu pai Alfredo Neves nasceu em São Paulo capital, e sua mãe Diva Martins Neves em Fiais do Ervedal, distrito de Coimbra, em Portugal.
O mais novo de uma família com três filhos homens, viveu a sua infância intensamente e parte da juventude, no bairro do Butantã em São Paulo, capital.
Tornou-se artista plástico de forma autodidata, (na impossibilidade de visitar os museus do mundo em viagens culturais, ou ainda frequentar aulas de desenho e pintura em ateliê de artistas profissionais, aprendeu autodidaticamente e de maneira econômica). Assim formou-se: desenhista, pintor, gravador, escultor, ceramista, mosaicista e objetista; paulatinamente, ao longo dos últimos 48 anos.
Concluiu o curso primário no 1° Grupo Escolar Rural Alberto Torres, que tinha uma forte inclinação para os trabalhos do campo, como o próprio nome indica. Nessa escola, participou de um concurso de desenho, que na ocasião rendeu um prêmio inusitado, porém importante para uma criança: um “frango caipira”. Essa premiação foi um dos incentivos para que seguisse em frente com a arte. A habilidade manual que desenvolveu desde bem pequeno nessa escola, construindo inclusive seus brinquedos (aeromodelos, carrinhos de rolimãs, quadrados ou pipas, balões e etc.), criaram facilidades e destreza para trabalhar com várias técnicas, além da pintura, e também com diversos materiais.
No ano de 1963, começou a trabalhar em seu primeiro emprego em uma empresa inglesa de fabricação de autopeças, a Brasmack-Wickman, como auxiliar de escritório. Comprou de segunda mão de um desenhista projetista que trabalhava na mesma seção que ele, uma pequena coleção de livros de bolso, que ensinavam a desenhar sem mestre. Iniciou dessa forma com esses pequenos livros, mais seriamente, os seus primeiros estudos autodidáticos de desenho artístico, aprendendo a desenhar: crianças, nus artísticos, animais, etc., inclusive um dos volumes ensinava desenho a bico-de-pena.
Adotou o ano de 1968 como o início de sua carreira de artista plástico, baseado na primeira tela que pintou a óleo.
Em 1965 foi convidado para participar de um grupo musical amador cujo nome era “Os Terrestres”. Depois de algum tempo o conjunto foi desfeito, aí por sua conta formou um novo grupo denominado “Os Daumas”, nome escolhido no dicionário de forma aleatória e que significa: pássaro de plumagem negra e bico amarelo, o dauma é uma espécie de melro da Índia. O grupo musical foi desfeito, terminando aí, a sua breve, agitada e inesquecível carreira musical no primeiro semestre do ano de 1968.
Nesse mesmo ano de 1968, quando eram inauguradas na Avenida Paulista , na cidade de São Paulo, as novas instalações do MASP – Museu de Arte de São Paulo, a duas quadras de onde ele havia nascido, pintava seu primeiro óleo sobre tela. Foi sem nenhuma orientação profissional, de forma autodidata, que ele iniciou a pintura de sua primeira tela. Era uma cópia de fotografia de calendário, que intitulou: “Pôr-do-Sol no Amazonas”. Esse singelo ocaso no Rio Amazonas, que pintou com poucas cores, nenhuma técnica (ele não as conhecia), mas com muita emoção, transformou-se em um imenso amanhecer das artes plásticas em sua vida.
Os artistas que mais o influenciaram no início foram: Rembrandt Harmensz Van Rijn (pela técnica de luz e sombra), o brasileiro Cândido Torquato Portinari (pela temática) e os artistas da Escola Impressionista, verdadeiras fontes de inspiração e onde pode “saciar sua sede”. Admira também Cezane, Henry Matisse, Piet Mondrian, Paul Klee e Sol Lewitt.
No início, expunha seus primeiros trabalhos em óleo sobre tela, em pequenas galerias-moldurarias nos municípios do ABC Paulista e também no Embu das Artes, município próximo da capital paulista. Nesse mesmo período dos anos 70, logo após seu casamento em 1973, morava em Santo André-SP, e trabalhava no departamento de compras da Toyota do Brasil S/A, uma montadora de veículos japonesa, localizada no vizinho município de São Bernardo do Campo. Às vezes a necessidade que ele tinha de pintar era tanta, que abria mão do sono noturno e atravessava a madrugada pintando. Pela manhã, tinha que desmontar o improvisado ateliê, geralmente “instalado” entre a pequena área de serviço e a cozinha, pois a casa teria que voltar às suas atividades normais durante o dia. Lavava o rosto, tomava um café e ia direto para a fábrica de automóveis, muito cansado, porém realizado e feliz. É claro que só dava para fazer essa sessão extra de pintura, vez ou outra e sem prejudicar o trabalho na Toyota, pois para ele, pintar era uma necessidade íntima muito grande, e tinha a juventude e os finais de semana também a seu favor, para poder aguentar o ritmo.
Em 28 de abril de 1979, depois de onze anos do início de sua carreira de artista plástico, participou pela primeira vez de um Salão Oficial de Arte, o 1° Salão da Paisagem de Ribeirão Pires. Nessa ocasião ganhou um prêmio aquisição, com um óleo sobre tela que pertence hoje ao acervo da Prefeitura Municipal de Ribeirão Pires no estado de São Paulo. Essa premiação foi importante para ele, porque além de ser seu primeiro prêmio oficial, foi selecionado e premiado entre artistas plásticos consagrados. Nos anos de 1981 e 1982, a Prefeitura Municipal de Ribeirão Pires contratou-o para dar aulas de desenho e pintura a alunos bolsistas, jovens selecionados nas escolas oficiais do município, que recebiam além da bolsa de estudos, o material artístico gratuitamente.
No início dos anos 80 realizou jornadas até a capital paulista, precisava encontrar uma galeria de arte, para expor e comercializar suas obras, na cidade de São Paulo. As viagens eram feitas de trem de subúrbio e ônibus, sempre carregando os seus quadros embaixo do braço, de forma trabalhosa e cansativa. Passou vários apuros nos corredores estreitos e quase sempre lotados desses coletivos. Levava algumas broncas de outros passageiros mas seguia em frente. Ele estava lutando para poder manter-se e firmar-se como artista plástico, e essa luta o animava a seguir em frente. A partir de 1983, entre outros temas desenhava e pintava “meninos”, tentando resgatar sua infância vivida de forma intensa nos bairros do Butantã e Morumbi em São Paulo – capital.
Dias antes do Natal de 1984, transferiu residência e ateliê para o município de Campos do Jordão – São Paulo. Em uma altitude média de 1700 metros, Campos do Jordão localiza-se relativamente próxima de três grandes capitais: São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Campos do Jordão também é conhecida como a “Suíça Brasileira” e mais recentemente como “O Jardim do Brasil”, uma verdadeira estância climática européia, em pleno Estado de São Paulo, e tem no turismo sua principal atração. Em Campos do Jordão, conheceu o escritor, artista plástico e professor Antonio Fernando Costella, que além de primeiro presidente do Conselho Municipal de Cultura, presidente da Academia de Letras de Campos do Jordão, dirige atualmente, a Casa da Xilogravura, criada por ele em 1987. Hoje a Casa da Xilogravura foi transformada em Museu da Xilogravura, com acervo composto por mais de 2000 obras de cerca de 300 xilógrafos nacionais e internacionais entre os quais Neves Jr. está incluído. Por disposição testamentária do fundador, os imóveis e o acervo do Museu serão legados, post mortem, à Universidade de São Paulo – USP.
Conheceu também em Campos do Jordão, o Sr. Zvonimir Leo Horvat, artista plástico nascido na antiga Iugoslávia, um grande amigo de Neves Jr., uma pessoa especial de quem ganhou de presente um livro sobre misticismo. Embora já apresentasse interesse pelo assunto, foi através desse livro, o aprofundamento de seus estudos sobre as questões transcendentais. Os resultados dessas pesquisas iriam manifestar-se em sua arte mais tarde, a partir de 1989 e com maior intensidade em 1997, dando início a série: “Anotações para o 3º Milênio”.
Campos do Jordão foi muito inspiradora para ele. Com sua luz e beleza exuberantes, deu forma e mais cores aos seus quadros e através das pessoas que lá conheceu deu um novo sentido a sua arte. A permanência em Campos por apenas um ano, foi tão importante para sua arte, quanto deve ter sido o Tahiti para Paul Gauguin, o Arles na região sul da França para Vincent Van Gogh e a Tunísia para Paul Klee.
Hoje em sua obra pode-se notar a grande influência que recebeu da cidade de Campos do Jordão e de seus habitantes. Além dos aspectos simbólicos são presença constante em seus trabalhos: a Pedra do Baú, as araucárias, o casario inspirado no Morro das Andorinhas em Vila Abernéssia, os pomares, as flores, as trutas e etc.
Viver na cidade de Campos do Jordão por um breve período, influenciou sua obra artística e transformou também a sua vida para sempre.
Em 1985 na cidade de Santo André, Neves Junior participou de uma coletiva na inauguração da Cenarivm Galeria de Arte, com mais dois artistas: Odair Magalhães (com gravuras) e José Urrutia Roba (com aquarelas). Durante essa coletiva, conheceu pessoalmente o artista plástico concretista Luiz Sacilotto (um dos signatários do manifesto de fundação do Grupo Ruptura em 1952, marco histórico do início da arte abstrata/concreta, no Brasil. O manifesto do Grupo Ruptura foi lançado com uma exposição no Museu de Arte Moderna de São Paulo).
No vernissage, Luiz Sacilotto previa com muita propriedade, que Neves Jr., ao geometrizar o último plano e outros elementos de suas telas figurativas, estava “indo” para a abstração geométrica, o que seria um passo a mais em direção ao concretismo; na opinião dele. As abstrações geométricas ocorreram realmente como ele anteviu, a partir de dezembro do ano de 1992. O próprio Luiz Sacilotto constatou este fato em uma outra coletiva em que estava presente e tinha por título: “Abstraindo”, coletiva esta realizada em 26 de maio de 1993, na “Casa do Olhar”, espaço cultural mantido pela Prefeitura Municipal de Santo André, com seus trabalhos e de outros dois artistas além dele: Elzir dos Santos Almeida Saracino e José Urrutia Roba. A Casa do Olhar havia sido inaugurada no ano anterior, ou seja, 1992. (Hoje a Casa do Olhar é um centro de referência da obra de Luiz Sacilotto e recebeu a nova denominação de Casa do Olhar Luiz Sacilotto. A solenidade de entrega oficial da Casa do Olhar Luiz Sacilotto foi realizada em 26 de abril de 2007 pela Prefeitura de Santo André com a abertura da exposição: Sacilotto – Retratos e Paisagens). Depois da coletiva na Casa do Olhar, no mesmo ano de 1993, inscreveu três abstrações geométricas dessa mesma fase, no 3º Salão de Artes Plásticas de São Bernardo do Campo. Nessa ocasião recebeu um prêmio aquisição, cuja obra premiada, a “Abstração nº 589” em óleo sobre tela, hoje faz parte do acervo da Pinacoteca de São Bernardo do Campo-SP. A comissão julgadora foi composta por Antonio Santoro Junior (na época, membro da APCA, ABCA e AICA, Associações Paulista, Brasileira e Internacional de Críticos de Arte, professor de estética e história da arte da Faculdade de Belas Artes de São Paulo e museólogo do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo), Nadir Aparecido Moro (artista plástico e professor de pintura). Compôs também esse corpo de jurados, o Sr. Nelson Aguilar, curador da 22ª e depois, curador geral da 23ª Bienais Internacionais de São Paulo e professor de história da arte. Nelson Aguilar afirmou no catálogo desse Salão: “O Salão de Artes de São Bernardo do Campo, é um dos termômetros artísticos de precisão do final de século. Os artistas escolhidos experienciam as principais inquietudes poéticas do período...”
Com esse trabalho abstrato geométrico, estava tendo uma boa aceitação de público e de crítica, e no mesmo ano de 1993, inscreveu uma obra também dessa mesma fase em um concurso nacional, promovido pela FIAT Automóveis S/A, com milhares de inscritos. Nessa ocasião foi finalista, participando de uma coletiva no Museu da Casa Brasileira na cidade de São Paulo. Essa obra pertence hoje ao acervo da FIAT Automóveis S/A. Existe um bom exemplo da fase abstrata geométrica, no Índice Consolidado, página nº153 do “Guia de Artes Plásticas Brasil – 96”, Volume n°08, de Maria Alice e Julio Louzada, de Julio Louzada Publicações, São Paulo – Brasil.
Costuma-se dizer, que: “O futuro a Deus pertence”. Nunca se sabe ao certo, quem será mais valorizado pelo Mercado de Arte. Entretanto, como em outra atividade qualquer, as gerações se sucedem e o futuro acaba chegando. Pensando nisso e acolhendo os conselhos do amigo de Santo André –SP, Luiz Sacilotto na década de 80, comprou um livro do tipo “ATA”, com folhas numeradas, dando início à catalogação de suas obras, no ano de 1988. Efetuou então um levantamento dos trabalhos produzidos a partir do ano de 1968 e, hoje compreende: desenhos, pinturas, gravuras, esculturas, cerâmicas, mosaicos, objetos, além de estudos, esboços, matrizes de multimonotipo e xilopirogravura. Daí em diante, o número de registro da obra de arte, passou a significar também, a quantidade de obras produzidas desde o início, ou seja, 1968. Na segunda metade dos anos 90, o número de registro da obra, passou a figurar também na parte frontal das obras bidimensionais e na base das obras tridimensionais, precedido da letra “R” (registro). As obras executadas sobre papel (desenhos, gravuras, etc.) recebem também no verso, sua impressão digital. Sua obra é toda registrada e numerada.
Depois de ter conhecido em Campos do Jordão-SP, em 1985 o escritor, artista plástico e professor Antonio Costella, conforme narrou anteriormente, e de ter lido o livro de sua autoria: “Introdução a Gravura e História da Xilografia”, passou a se interessar também por gravuras. Entre os anos de 1990 e 1994, realizou algumas experiências com a técnica da xilografia ao fio, também desenvolveu uma técnica, onde a madeira da matriz não é trabalhada com goivas, formões ou qualquer tipo de ferramenta cortante, mas sim com auxílio de um pirógrafo. Sem as angulosidades da xilografia tradicional ao fio, a nova técnica confere à gravura, um efeito inusitado, mais suave, preciso e com a possibilidade de trabalhar linhas curvas com exatidão. Essa técnica nova de xilografia, ele denominou-a “xilopirografia”. Esse processo de gravação foi desenvolvido por ele a partir da observação do trabalho do artista plástico da cidade de Campos do Jordão, o Sr. Zvonimir Leo Horvat que usava o pirógrafo sobre madeira e fazia trabalhos muito expressivos. Embora tenha desenvolvido essa técnica em 1994, por utilizar outras técnicas artísticas além de xilografia e por absoluta falta de tempo, apenas no ano de 2000, gravou os primeiros exemplares numerados de 01 a 20, pertencentes à série: “Anotações para o 3° Milênio”.
Além das experiências com a xilografia, em 1994, imprimiu os primeiros monotipos.
A técnica de impressão que se usa um tipo de matriz com o qual se pode tirar uma só cópia, chama-se monotipia. Monotipo é o nome da estampa única que se obtém pintando a imagem em uma placa de metal, fórmica, vidro ou outro material rígido e sobre o qual se comprime o papel. Por ser uma técnica que não permite a geração de múltiplos, como o próprio nome indica, mas produzindo resultados artísticos muito bons, ele adaptou a monotipia tradicional a uma linguagem própria, criando assim a técnica que possibilita a geração de múltiplos semelhantes, na quantidade que se desejar, e sem a destruição da matriz. Mostrou os primeiros exemplares desse novo trabalho para o amigo Luiz Sacilotto em 1994, durante uma visita que lhe fez em seu ateliê em Santo André – SP. Por sugestão de Luiz Sacilotto, colocou o nome na nova técnica de impressão de “multimonotipia”. No ano de 2001, foi implantada a "1ª Bienal de Gravura de Santo André”. Conforme catálogo oficial, essa Bienal, envolveu todos os municípios do ABC, inclusive duas galerias de arte da cidade de São Paulo, contou também com exposições paralelas de artistas do Canadá, Chile, Macau, Portugal, Itália, Venezuela, além dos artistas de outros estados brasileiros. Foram mais de mil gravuras apresentadas. Neves Junior foi selecionado e participou dessa 1ª Bienal de Gravura de Santo André, com a nova técnica da “Multimonotipia”. Compunham o corpo de jurados nessa ocasião: Renina Kats, Cláudio Mubarac e Evandro Carlos Jardim.
No ano de 2007 quando Neves Junior preparava as matrizes de algumas xilopirogravuras que seriam inseridas em seu livro de artista, criou algo diferente por mera casualidade. Durante a confecção das matrizes, e para verificar se os sulcos produzidos pelo pirógrafo na madeira haviam ficado bons para a impressão, colocava um papel sobre a matriz e, em seguida decalcava através de um bastão de giz de cera. O efeito produzido no papel por essas decalcagens, surpreendeu-o pela beleza e delicadeza das linhas impressas. Daí então, utilizando detalhes dos desenhos das matrizes de xilopirogravura ainda sem uso, produziu desenhos, composições com giz de cera e grafite. Posteriormente um desses trabalhos foi utilizado como modelo para a criação de uma tela produzida com tinta acrílica.
Em janeiro de 1995, mudou-se com sua família para a cidade de Vinhedo-SP. Na vizinha cidade de Valinhos, conheceu o ceramista português João Evangelista da Silva e Souza, conhecido artisticamente em sua cidade como “João do Monte”, primo de Antônio Batista de Souza, conhecido pelo nome artístico de “Antônio Poteiro”, outro grande ceramista e pintor. Vendo o trabalho desses dois artistas com a argila e com o forno, passou a interessar-se mais por cerâmica, pois já havia feito uma peça no ano anterior, ou seja, 1994. Em 1995, produziu algumas peças gentilmente queimadas pelo artista João do Monte, no grande forno a lenha que possuía em seu bonito ateliê-galeria, em Valinhos-SP.
No ano de 1996, surgem as primeiras esculturas geométricas de madeira policromada. Existe também um bom exemplo dessas esculturas geométricas, no Índice Consolidado, página nº159 do Guia “Artes Plásticas Brasil-97”, volume nº09 de Julio Louzada Publicações – São Paulo – Brasil.
Nesse mesmo ano de 1996, surgem também os desenhos efetuados com giz de cera. Já em 1997, iniciou a produção de objetos tais como: vasos e pratos de cerâmica, mesas de ferro, com aplicação de mosaico, etc. Também produziu colagens e técnicas mistas.
Dentro da abstração geométrica, no ano de 1997, como foi citado anteriormente, desenvolveu a série: “Anotações para o 3º Milênio”; um trabalho abstrato geométrico conceitual e simbólico. Porém, apesar do sucesso de crítica e da aceitação das abstrações geométricas conceituais simbólicas, feitas em óleo e depois em acrílica sobre tela, ele não se sentia satisfeito. Estava atingindo somente uma parcela do público, o que não queria mais que ocorresse. Por essa razão em 1998 resolveu mudar e retornar paulatinamente ao trabalho formal. No final do ano de 1998 e durante os anos subseqüentes foi realizando, trabalhos abstratos; composições cromáticas informais, onde explorava somente a cor, sem usar nenhum tipo de linha ou forma. Precisava quebrar a rigidez geométrica que usara até então. Essa retomada do formalismo em suas pinturas, foi realizada através da utilização das composições cromáticas informais e da escola impressionista. Usou flores como recurso para explorar a composição cromática e adaptá-la em seu novo trabalho, criando grandes florais impressionistas que foram comercializados por Vita Balzani – Galeria de Arte, no Galleria Shopping na cidade de Campinas-SP e no Shopping Colinas na cidade de São José dos Campos-SP. Ainda surgem esporadicamente, algumas linhas em seus últimos trabalhos e nas várias técnicas que utiliza. Considera que jamais conseguirá livrar-se das linhas geométricas em definitivo e declarou: “A geometria faz parte de minha vida artística desde a infância, não posso prever que não farei no futuro, novas abstrações geométricas, todavia, com meu novo trabalho formal experimentei o verdadeiro prazer em pintar, no auge de minha ‘infância’, aos 57 anos de idade. Pintar feito uma criança é como se eu tirasse férias ou me aposentasse depois de um longo período de estudos artísticos sérios”.
Thomas Mann considera o artista como: “um ser apaixonadamente infantil e dominado pelo brincar”. Assim, Neves Jr. se sente hoje.
Fazem parte da coleção de imagens que Neves Jr. utiliza, além de figuras de pessoas em geral, os seguintes elementos: peixes em cardume ou solitários, pássaros em revoada, gatos, borboletas, rosas geometrizadas, janelas ou portais, retângulos divididos ao meio diagonalmente, relógio despertador com ou sem ponteiros, moringa com uma caneca a seu lado, livros, maçãs, círculos dentro de círculos, triângulos, leminiscatas, pomares, araucárias com a Pedra do Baú (Campos do Jordão), barcos, às vezes presos a uma estaca, aviões, casarios, escadas, a letra “Y”, fechadura, entre outros elementos que vão surgindo à medida que o novo trabalho evolui.
A série “Anotações para o 3º Milênio”, criada por ele em 1997, conforme narrado anteriormente, e que tinha como base seu trabalho abstrato geométrico, mudou. Hoje a temática dessa nova fase figurativa que ele desenvolve, utilizando a coleção de imagens citadas a pouco, pode variar, porém cada obra produzida por ele atualmente, com raras exceções, serão sempre: “Anotações para o 3º Milênio”.
Os valores conceituais e simbólicos aliados ao conteúdo de retina ou formais que aparecem em seus trabalhos, procuram alcançar o entendimento de todos. É seu desejo estimular pessoas diferentes e de maneiras também diferentes, permitindo a leitura de suas obras em vários níveis de entendimento, independente de grau cultural dessas pessoas. A arte que idealiza é democrática, não elitista e também universalista. Sua intenção é proporcionar a quem a admira, a estética, a beleza das composições cromática e artística, o desenho, a técnica, os aspectos filosóficos e simbólicos, para todas as pessoas. Busca dessa forma, sugerir caminhos que podem ser experimentados e percorridos pela visão física ou interior de qualquer pessoa interessada nesse “novo” paradigma; uma maneira diferente de comunicação universal, apoiada também pelos conceitos da física quântica, da psicologia transpessoal e muito além da comunicação tradicional que é amparada principalmente pela tecnologia.
O Bem, o Belo e a Verdade fazem parte desse caminho.
Somente no ano de 1994, teve a primeira experiência com uma obra de arte tridimensional. Modelou um São Francisco de Assis em argila, despertando no artista a partir deste momento, o interesse em produzir esculturas. Ele as criou em vários materiais nos anos seguintes, e no ano de 2002 fundiu sua primeira peça em bronze; um anjo com 0,60 m de altura, denominando-o “Arcanjo Metatron”. Ele gostou do resultado, dando início assim a uma pequena produção de esculturas em bronze patinado, alumínio polido ou pintado e também objetos. Era um trabalho exaustivo, porém para ele extremamente prazeroso, que havia se iniciado no amassar da argila trazida de Valinhos para Vinhedo, e que no ateliê, aos poucos tomou forma entre os dedos de suas mãos, para finalmente, poder ver a escultura pronta na fundição, eternizada em bronze ou alumínio. Era o ápice da criação. A energia mental materializara-se através da argila e do bronze, a somatória de seus esforços e intenções se fazia arte.
Neves Junior dedicou-se a arte figurativa até o ano de 1992. Depois de 24 anos dedicados a esse tipo de arte, e obedecendo a uma inclinação natural à geometria, tornou-se abstrato geométrico por cinco anos, de 1993 a 1997, retornando a arte figurativa em 1998. Procura sentir-se livre e satisfeito com sua arte, e principalmente, sempre que possível, atingir o grande público.
Pintor, desenhista, escultor, gravador, ceramista, mosaicista e objetista. Nasceu em São Paulo – capital em 4 de junho de 1947. Autoditada, iniciou-se nas artes ainda na infância. Em 1968 pintou sua primeira tela. Durante 24 anos foi figurativo, passou por várias fases, chegando ao abstrato geométrico no final de 1992, fase que durou de forma mais acentuada de 1993 a 1997. Em 1998 retoma o figurativo.
Artista catalogado e citado em vários guias de arte. Lecionou pintura durante 10 anos.
Seu trabalho foi exposto em mais de 130 exposições entre individuais, coletivas, acervos e salões. Recebeu vários prêmios entre medalhas de ouro, prata, bronze, menções honrosas, prêmios aquisição e em dinheiro.
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